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Sem Identificação

Gilberto Perin

7 a 23 Fevereiro

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Sem Identificação 2019-02-10T12:07:43+00:00

Project Description

Sobre “Sem Identificação”:
São fotos de gente comum, homens, mulheres, diferente tipos físicos e cor da pele, não foram escolhidas pessoas pela perfeição física…
Obviamente, são fotos de pessoas “sem cabeças”. Mas não há efeito de Photoshop, apenas enquadramento da câmera.
Há fotos que são inspiradas em obras de arte conhecidas e icônicas mas há também imagens que foram improvisadas a partir da ideia das pessoas que posaram e, algumas, por sugestão minha.
Por que as pessoas “sem cabeças”? Aqui vai um pouco de conceito e de teoria…
A relação direta e lúdica é que é uma crítica ao nosso tempo onde por diversos motivos passamos a perder a identidade por diversos motivos. A falta da cabeça passa a significar a identidade perdida, levando-se em conta que a cabeça é o centro de tudo: das emoções até a decisão da nossa vida ou morte. Tudo é comandado pela química cerebral.
Usualmente, na Fotografia quando mostramos uma pessoa o ponto central para onde olhamos são os olhos dela. É o reconhecimento de quem é fotografado. A série “Sem Identificação” sem a presença dos olhos causa um estranhamento. Algumas pessoas que viram a exposição me falaram disso que, inicialmente, as imagens causam um mal-estar pela falta do olhar dos fotografados.
Algumas considerações acadêmicas:
“O indivíduo, como afirmou Baudrillard (1991), destituído de identidade própria, caminha pelas ruas como simulacro, representação de representações de papéis e funções na sociedade contemporânea, mudando seu figurino e seu personagem nas diversas situações da vida.
(…) Apesar do caráter ilusório da imagem fotográfica, ela ainda é a primeira forma de identificação a ser usada, por tratar de um reconhecimento instantâneo. Reconhece-se prontamente na face do indivíduo a fotografia em seu documento, ao passo que a impressão digital e o código genético necessitam de um exame específico e detalhado. Essas várias formas de representação do indivíduo em sua unidade de nada
servem sem a imagem do retrato fotográfico que associa e identifica sua face, conferindo-lhe legitimidade. É o que Fabris (2004) chama de transformação da identidade do sujeito em identidade da imagem técnica. (…) Assim, o retrato fotográfico impõe-se ao indivíduo para atestar sua existência e reforçar a sensação de pertencer ao corpo social, que reflete a sociabilidade que lhe é inerente: Tenho um retrato, logo existo”.

Artigo de Michele Zambon e Dirce Vasconcellos Lopes: ‘A fotografia como modo de representação da identidade: dos cartões de visita de Disdéri ao ciberespaço’. Citações: BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e Simulação. São Paulo: Relógio D’Água, 1991; FABRIS, Annateresa. Fotografia: usos e funções do séc. XIX. São Paulo: EDUSP, 1998. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view/ 1492/1238